num passeio com vistas para Jerusalém, Amós Oz à direita
Quanto às memórias de infância, sua vida com os pais, a impossibilidade dele entender a maior parte das conversas dos pais, em russo, pois não queriam que o filho ouvisse sobre o terror da guerra. Sobre o isolamento da sua mãe lendo romances e vendo a vida pela janela, e a tempestiva decisão de ir, aos 14 anos, para um kibutz além de trocar sobrenome. Contou sobre a vida em comunidade e não poder usar seu tempo para escrever e inclusive
precisar de autorização do Conselho do Kibutz para escrever seu romance.
Na noite em que foi votado e aprovado o Estado de Israel ele tem lembranças vívidas e leu trecho de seu livro.
Naquele ano, o rádio era o veículo de informação das pessoas, era 1948, e milhares
de pessoas agruparam-se nas ruas, mudos e tensos, na escuridão da noite, suas sombras eram vistas pelo menino atrás da veneziana. Ele, com 9 anos espreitava e sentia todo o peso da decisão. Os países iam mostrando seu voto, e eram lidos - Reino Unido contra, Estados Unidos votou a favor e, ao final, a aprovação do Estado de Israel, subiu um clamor de vozes e gritos, não apenas dos vivos, mas de todos
os que haviam lutado e clamado, juntos, momento de imenso júbilo.
O menino saiu nas ruas com seus pais e ficou aconchegado entre eles, quando se abraçaram.
Escreveu romance de revisão, memórias,
de entendimento e de perdão.
Os filhos podem ser implacáveis com os pais pois não alcançam os desafios e impossibilidades, limitações e impotência dos adultos diante do Estado e de forças políticas opressivas. As "invisíveis barreiras de aço de governos", a política, as instituições de poder são incompreensíveis às crianças, adolescentes e mesmo para a maior parte dos adultos.
Há uma idealização nas crianças que os pais podem tudo ! O que poderia um casal
diante de um conflito interminável, preconceitos, implicações de nacionalidade e imigração desejada para um país pacífico porém vendo seu desejo de partir impossibilitado.
Amós Oz é muito doce quando se refere a si mesmo como um menino "sinto muita
ternura quando penso que existiu essa pessoa (ele, com seus sonhos de menino) que acreditava
que tudo seria resolvido no futuro".
O livro, diz ele, tem 600 páginas, pelo seu estilo e memórias, vou ler.
Os países árabes, suas fronteiras, conflitos e ódios étnicos,
são incompreensíveis para mim pela longa duração.
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