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Valor e Retro-alimentação: contribuição para a vida profissional ou pessoal; compartilhar e disponibilizar informações.































































































































sábado, janeiro 28, 2012

O quadro e o nome da casa.

Na Casa do Peixe havia na parede artesanato de peixe colorido.

Assim como em muitas casas existem fotos ou quadros mostrando  as pessoas que lá vivem ou  representam importância para seus donos, na Casa do Peixe, em Itanhaém, havia na parede pequeno peixe de enfeite.

Ah, então é por isso ! eu pensei com meus poucos anos de idade e mesmo sendo uma casa simples, eu estava acompanhada das pessoas mais queridas da minha infância - meus pais alegres e atentos, tias,
irmã e foi um período de férias inesquecíveis, onde percebi muita coisa ,  a cor da areia cinza, dura e compacta,
fomos visitar uma pedra com formato de cama onde diziam que lá dormia o Padre Anchieta.

Creio que nunca mais voltei para aquela praia e é bom que assim seja pois jamais será um lugar tão lindo,
tão completo como o marcante mês de janeiro de uma distante década de 50.

Maria Lucia Zulzke, em 28 de janeiro de 2012, em S.Paulo - SP - Brasil.





sábado, janeiro 07, 2012

"A casa do Peixe " Itanhaém

Estamos no mês de Janeiro e considerável população com filhos pequenos tira férias e vai para as praias.


É um comportamento que acompanha gerações nos vários continentes. Foi assim também comigo e minha família nos anos 50.










Durante boas semanas, ouvi em casa meus pais comentarem que iríamos "todos" passar 10 dias na praia, na "Casa do Peixe". Na minha imaginação, essa viagem adquiriu dimensão semelhante a irmos nos hospedar no Palácio Real, leia-se, na casa da Rainha Elizabeth da Inglaterra . 


Mar, praia e hospedados na casa do Ser que Habita as Águas - o Peixe. Os preparativos para roupas de verão, maiô e , como minha mãe costurava, foram feitos para mim, vários conjuntos de tecido de shorts e blusinhas bem cavadas nos braços, panos coloridos e um deles tinha como motivo barquinhos. Eu seria uma autêntica parte da comitiva que iria para a praia.








Eu estou de conjunto de shorts num carnaval, minha mãe costurava.


Minha mãe, a mais velha, combinou com 2 de suas irmãs, que iriam todas tirar merecidas férias com a família, na praia. Alugaram uma casa onde cozinhariam, jogariam baralho, só leriam revistas,  descansariam à tarde e, para isso, levariam para poupá-las empregada e cozinheira. Queriam mordomias para si. O palmito para saladas e souflé era natural, fresco, cozido na hora, comentavam a maravilha de um lugar assim. Palmito naquela época era muito caro.


Meu pai quando criança,.
Se eu estava com idade ao redor de 6 anos, essas mulheres estavam com mais de 40 anos, com muita vitalidade e seguras de si . Os maridos resolveram fazer todas suas vontades.


Na década de 50, para ir do interior de S.Paulo para o litoral, haviam ônibus e estrada de pistas estreitas. Ocorriam vários acidentes frontais.


Chegou janeiro e meu pai fechou sua loja de tecidos. Ele queria sair despreocupado, sem preocupações de nenhuma ordem, foi uma decisão difícil mas ele conseguiu. Para mim, que normalmente durmo muito fácil nas viagens, sem enjôos ou problemas, lembro que chegamos 
a uma casa térrea, com pequeno terraço numa esquina de ruas de terra em Itanhaém.


Duas de minhas tias que tinham carro já haviam chegado e se alojado. Nós 4, meu pai, minha mãe, minha irmã e eu, num único quarto. A areia da praia era escura e dura, mas as ondas eram delicadas e baixas, estouravam em espumas brancas e de temperatura deliciosa.


Foram dias deliciosos, repletos de comidas deliciosas, frutas, conversas, novos amiguinhos brincando comigo, filhos de amigos de minhas tias, também lá na mesma condição, conhecíamos gente diferente. Ninguém brigou, não houve nenhum acidente, nenhum imprevisto desagradável.


Pelo contrário, uma das amigas de minha tia, que tinha 2 ou 3 filhos, meninos um pouco mais velhos do que eu, deu-me a imensa honra de caminhar só comigo pelas ruas de terra, por talvez meia hora ou mais, eu senti-me prestigiadíssima em caminhar com uma senhora adulta me dando tanta atenção. Fiquei apaixonada por ela e os adultos parecem não entender o que despertam nas crianças. Em Campinas, em outros anos, eu a olhava de uma forma especial, na expectativa que também aquela caminhada me rendesse uma palavra especial ou de amizade, mas nada havia ficado da nossa cumplicidade pelas ruas de Itanhaém.


Seus filhos não chegaram a ficar meus amigos, meninos eram muito críticos na década de 50, ficavam em grupo só entre eles.


Férias na "Casa do Peixe" - será que o único primo vivo que lá esteve comigo ainda se lembra? Minha mãe, pai, tias e tios todos já mortos e seus netos talvez nem ouviram sobre essas férias em família.


Maria Lucia Zulzke, em S.Paulo - SP - Brasil, sábado, dia 7 de janeiro às 8:35 am.