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sexta-feira, fevereiro 06, 2015

5 fevereiro 2015 - Choveu !

Nossos pensamentos e temores sobre os desdobramentos futuros sobre a água em São Paulo são constantes, isto é, permanentes !

Tivemos, talvez, 20 horas de chuva entre a madrugada, manhã e tarde de 5 de fevereiro de 2015 na cidade de São Paulo e causava imensa emoção poder rever esse líquido vital precipitando-se sobre uma das maiores concentrações de habitantes de uma cidade no Brasil.

" Só se dá valor ao constatar a falta " - para a grande maioria da população, a água no Brasil era farta, inesgotável, produto barato, básico e garantido, sem a necessária previsão, administração, gestão, tratamentos, economia e cuidados para não poluir nascentes e rios e represas etc.

Foto ilustrativa do rio Piracicaba


Como no ano de 2003 fiz curso sobre Economia Ecológica na Unicamp e estudamos sistemas e os recursos existentes, exercícios para precificar o que nem temos ideia do real valor, e em 2005 fiz na Universidade de Blumenau, 2 meses de aulas aos finais de semana sobre a temática Educação sobre o uso da àgua, além de ter assistido palestras sobre Meio Ambiente e Recursos Hídricos na Sabesp, Cetesb, Usp, eu estou há tempo sensibilizada para o tema e suas contingências.

Porém, eu, como simples cidadã, fui ofendida e agredida muitas vezes quando observava verbalmente a inadequação das lavagens de calçadas , com mangueiras, pelos bairros.

2014, em plena crise e estiagem, ao comentar sobre o assunto com pessoa que lavava com mangueira a frente de sua casa de bairro da capital, recebi como resposta gritada o clássico comentário " Vá cuidar de sua vida "... eu estava como pedestre e tive o desprazer de ver, comentar e ser agredida, mas não poder fazer nada. Foi divulgado que em 2015 haverá a possibilidade de multa, só não esclareceram quem será o fiscal - órgão, tempo de chamada e se será preciso flagrante.

Desprezo e ignorância das incontáveis pessoas sobre a importância dos recursos renováveis ou não, recursos escassos e de uso coletivo e difuso,  como a água - uso vital e básico, necessário à vida - afetam  não só vida pessoal do próximo, sim ! Desprezo e ignorância afetam a vida de dezenas de milhões de pessoas. Milhares só avaliam o preço que irão pagar de conta no final do mês e não tem a mínima consciência dos sistemas existentes para se ter água tratada nas torneiras.

Diante de tantas manifestações de agressividade ao longo de anos, por parte daqueles que abusavam do desperdício da água e jamais refletiram a dimensão da administração dos recursos hídricos e sua distribuição e impacto nas vidas diárias dos cidadãos.... fazer o que ? Cidadã ?

A ofensa verbal, ainda que conhecida entre pessoas, deprime aquele que sabe ser injustamente agredido por pessoa desinformada e mal educada formal e informalmente por meio de gritos, xingamentos ou respostas mal educadas.

Pedir ações de cidadania dentro de nossas áreas de atuação - residência, economia e novas formas de administrar os recursos da água que entram em casa é algo viável e ao nosso alcance se liderado pelo governo, mídia e comunidades de influência e estudiosos, além de novas tecnologias.

A mídia poderá orientar didaticamente e com medidas práticas como economizar de forma efetiva.

As pessoas alienadas sobre recursos comuns, coletivos e difusos como ar, água, entre outros que não irei mencionar como silêncio à noite, som de músicas nas ruas, respeito no trânsito etc. nem tem ideia do que estamos vivendo. Suas referências sobre convivência e cidadania são relativas.

Seria aceitável ouvir calada alguém dizer que lava diariamente as toalhas de banho e rosto de sua casa, além de lavar 2 vezes por semana os lençóis pelo prazer das roupas perfumadas? É para argumentar ou é para se calar ? 

Que as campanhas didáticas comecem urgentemente na televisão, rádio, internet e nos centros de encontros de grandes multidões como as igrejas e comunidades ! Não é taxar mais ou dar bônus de descontos que resolverá... pois as pessoas talvez simplesmente não saibam, não tenham ideias de como fazer para colaborar com algo coletivo e difuso, essência da prática da cidadania. Estocar água pode trazer ainda a praga da dengue e estoques desnecessários em milhões de residências.

Reclamar foi permitido e aprendido, porém, prevenir, refletir, entender, atuar sobre questões sobre as quais nunca se precisou dar atenção,  exige do poder público e das mídias orientação como se ensinassem o beaba em cartilhas de um novo tempo de aprendizagem de falta de recurso essencial à vida humana.

Maria Lucia Zulzke, em 06 fevereiro de 2015, 12:12 hs, em S.Paulo - SP - Brasil

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