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domingo, agosto 21, 2011

Reencontros

Se alguém viveu experiência de perdas pessoais e afetivas,
implosões nucleares emocionais e de identidade, 
sabe a importância de
reencontrar lugares e símbolos para refazer -se emocionalmente. 
Tentar refazer que restou e, reconstruir-se a partir daí!

Transferência transcendente !

Quando visitei a Tailândia, fiquei encantada com os monumentos recobertos dos "cacos"
de porcelana portuguesa, quebrada, durante viagens dos navegantes e comerciantes. O
processo interno seria quase esse, a porcelana não mais seria para servir jantares e
almoços, que pelo menos enfeitasse o reboco e desse algum acabamento.



Os templos, vento, o rio ao lado dos monumentos, o impacto do exótico visual.
Todo recoberto de "cacos" de porcelana portuguesa.

Ao voltar, mais uma vez, a Firenze e Roma, após 16 anos da última viagem, onde
eu estivera em quase "estado de choque" com minhas filhas - péssimo ano de 1993 -
senti alegria infantil, energia de adolescente ao percorrer aquelas cidades. 

Daquelas regiões da Itália, haviam partido meus
antepassados no século 19, de mudança para o Brasil e, aqui, meus 4 avós muito
jovens e europeus, de ambos os lados, fizeram suas famílias.

Os antepassados de meus antepassados viveram lá e, nada de reencarnação, 
realidade era que eu vinha de lá por intermédio dos meus antepassados e, 
não de outro lugar do Planeta,
isso reconectou-me à boa sensação de pertencimento ao
velho continente.



O ar da Itália passou a ser o meu ar, 
fazia parte dos movimentos dos meus pulmões,
os dutos, árvores e rios milenares estavam
nos meus ossos e DNA. Impregnados.

...e, quem conhece italianos e italianas, sabe
que brigam entre si e muito, falam alto e
usam gesticular, tendem a serem passionais e apaixonados e, conseguem mostrar
doçura encantadora ao mesmo tempo. 


Fosse como fosse, era
oportunidade de rever a mim mesma..

Experiência semelhante de reencontro de passado foi voltar à Catedral que frequentei
no interior de S.Paulo, luz, o frescor, os nichos de oração onde debrucei-me com fé e
total devoção, menina recém orfã, estavam preservados. Fui à mesma igreja,
todas as manhãs, ao redor de 6:30 hs, durante 2 anos ou mais, após a morte de meu pai!

Um outro detalhe desse processo de perdas , foi passar a buscar,
qual criança, "catando" conchas na areia do mar, as identificações com
autores de livros e diversas pessoas, ou mais infelizes do que eu,
ou imensamente mais ricas, lindas e felizes e poderosas do
que jamais serei.

Os que dizem que o sofrimento modifica para melhor, repensem! Será ?!
Considero perigoso dizer isso, dependendo da dose das perdas e o que 
representam para nossa identidade, o sofrimento
conduz a um estado e condições imponderáveis do ser humano.

Familiares conectam se estiveram ao nosso lado no momento certo,
no lugar certo e com a doçura certa, palavra certa, não com julgamentos duros e
preconceitos, tendenciosos e prontos a comparar escalas de sofrimentos e
minimizar os sofrimentos de quem é próximo - se algumas teorias fossem verdadeiras, então, será que Deus ri quando os enterros
são em dias de sol ? Será que "chora" quando enterros acontecessem em dias de chuva... é muita
pretensão dos humanos !

E, escrevo isso, porque hoje, domingo de agosto está frio e cinza, como devem ser
alguns dias de inverno ou algumas semanas de inverno, pelo menos.

Espero que o dia propicie reencontros,
vou assistir o filme Melancholia e, quem sabe, A árvore da Vida...
Maria Lucia Zulzke, em S.Paulo - SP - Brasil, 21 agosto 2011, às 9:19 am.

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