Com menos de 1 aninho, uma de minhas sobrinhas netas chegou de surpresa para me visitar. Era inverno e eu estava vestida com moleton e cabelos soltos, sem qualquer sofisticação. Ela me olhou tão encantada, sorriu, eu devolvi o sorriso. Foi tão lindo !
Recentemente, eu me vi sendo observada por meu neto, com menos de 1 ano. Eu tinha me produzido, brincos, anéis, colares, cores fortes na roupa e estávamos almoçando lado a lado. Ele parou de comer e ficou me fitando com olhos de imensa admiração. Se fosse um adulto era um declarado flerte! Quando vem me visitar gosta de escolher um colar de bijouteria meu para dar a sua mãe, prefere as cores fortes, amarelo, laranja e ela fica feliz e aceita.
Sempre gostei de colares ! Desde a fininha correntinha com medalhinha de nossa senhora ou algum santinho, até os de países exóticos. Perdi vários. Uma pena !
Agora, há 5 ou 6 meses, estou numa dúvida infantil. Se deixo o grisalho prateado, absolutamente grisalho cobrir a cabeça ou volto a tingir como fiz 30 anos. Tingi de loiro, luzes, castanho, castanho escuro, mechas, e ninguém pode aprofundar-se na terrível indecisão que isso ocasiona nos últimos meses.
Desejei ter 30 anos. E como desejo envelhecer como minhas tias do início dos anos 20 do século 20 ! Todas grisalhas, elegantes, eretas, bem vestidas. Oh quanta banalidade e vaidade. Não é ! O cabelo grisalho sinaliza algumas dificuldades, não enxergo muito bem, só com óculos, diminui na altura 1 centímetro, estou no estágio de osteopenia, colesterol sobe, as plaquetas descem, o descanso passou a ser necessário, e todo esses pequenos sofrimentos são tingidos na aparência de que tudo vai bem, se a cada 20 dias passamos tinta na raiz, fazemos hidratação e temos um bom corte de cabelo.
Há um projeto na PUC - SP, denominado PIAUI - da primeira infância a última infância. Interessante que sonhos das madrugadas jogam-me cenas da infância - sou uma criança num corpo de adulto. São muitos os adultos que vivem situações terríveis com seus conjuges ou pais com Alzheimer. Minha analista diz que os "normais" podem desenvolver sintomas psicóticos para não olhar e nem aceitar a realidade, é insuportável ver alguém desconectada, sem reconhecer alguém amado.
O adulto não aceita mas procura se proteger dessa realidade dolorosa. A criança dentro do adulto grita a relação traumática ao não estar com o objeto primário presente e incapaz de responder as necessidades de seu eu. (do artigo PILARES DO OFÍCIO - Camila Salles Gonçalves - resenha de Marion Minerbo - 2016).
Assumir um cabelo grisalho para uma mulher exige vários testes - poderá ser tratada com maior respeito ou ser tratada com total desprezo - sai da frente sua velha. A representação no imaginário coletivo é inesperado. Velhinha, velhinha, burra e débil, fácil de enganar, estar fazendo hora extra na vida....
A estética desejada para as mulheres com mais de 60 anos, alegres, leves, cabelos tingidos, bons cortes, boas "mocinhas", ativas e turistas em países distantes, sem ímpetos a encrenqueiras, nada de queixas, nada de depressão...
Meio castanho, meio grisalho, meio louro dourado.... encontram-se unidas a criança, adolescente, jovem, adulta, senhora, e se tudo foi vivido, tudo adquire um significado.
Interiorizações após leitura do artigo de "Pilares do Ofício " - de Camila Salles Gonçalves, resenha de Marion Minerbo - pg 212 - Percurso 56-57 - Revista de Psicanálise - junho a dezembro de 2016, presente de M.M.M - Instituto Sedes Sapientiae
Recentemente, eu me vi sendo observada por meu neto, com menos de 1 ano. Eu tinha me produzido, brincos, anéis, colares, cores fortes na roupa e estávamos almoçando lado a lado. Ele parou de comer e ficou me fitando com olhos de imensa admiração. Se fosse um adulto era um declarado flerte! Quando vem me visitar gosta de escolher um colar de bijouteria meu para dar a sua mãe, prefere as cores fortes, amarelo, laranja e ela fica feliz e aceita.
Sempre gostei de colares ! Desde a fininha correntinha com medalhinha de nossa senhora ou algum santinho, até os de países exóticos. Perdi vários. Uma pena !
Agora, há 5 ou 6 meses, estou numa dúvida infantil. Se deixo o grisalho prateado, absolutamente grisalho cobrir a cabeça ou volto a tingir como fiz 30 anos. Tingi de loiro, luzes, castanho, castanho escuro, mechas, e ninguém pode aprofundar-se na terrível indecisão que isso ocasiona nos últimos meses.
Desejei ter 30 anos. E como desejo envelhecer como minhas tias do início dos anos 20 do século 20 ! Todas grisalhas, elegantes, eretas, bem vestidas. Oh quanta banalidade e vaidade. Não é ! O cabelo grisalho sinaliza algumas dificuldades, não enxergo muito bem, só com óculos, diminui na altura 1 centímetro, estou no estágio de osteopenia, colesterol sobe, as plaquetas descem, o descanso passou a ser necessário, e todo esses pequenos sofrimentos são tingidos na aparência de que tudo vai bem, se a cada 20 dias passamos tinta na raiz, fazemos hidratação e temos um bom corte de cabelo.
Há um projeto na PUC - SP, denominado PIAUI - da primeira infância a última infância. Interessante que sonhos das madrugadas jogam-me cenas da infância - sou uma criança num corpo de adulto. São muitos os adultos que vivem situações terríveis com seus conjuges ou pais com Alzheimer. Minha analista diz que os "normais" podem desenvolver sintomas psicóticos para não olhar e nem aceitar a realidade, é insuportável ver alguém desconectada, sem reconhecer alguém amado.
O adulto não aceita mas procura se proteger dessa realidade dolorosa. A criança dentro do adulto grita a relação traumática ao não estar com o objeto primário presente e incapaz de responder as necessidades de seu eu. (do artigo PILARES DO OFÍCIO - Camila Salles Gonçalves - resenha de Marion Minerbo - 2016).
Assumir um cabelo grisalho para uma mulher exige vários testes - poderá ser tratada com maior respeito ou ser tratada com total desprezo - sai da frente sua velha. A representação no imaginário coletivo é inesperado. Velhinha, velhinha, burra e débil, fácil de enganar, estar fazendo hora extra na vida....
A estética desejada para as mulheres com mais de 60 anos, alegres, leves, cabelos tingidos, bons cortes, boas "mocinhas", ativas e turistas em países distantes, sem ímpetos a encrenqueiras, nada de queixas, nada de depressão...
Meio castanho, meio grisalho, meio louro dourado.... encontram-se unidas a criança, adolescente, jovem, adulta, senhora, e se tudo foi vivido, tudo adquire um significado.
Olhos da Inocência - a criança emocional sobrevive aos traumas do EU |
Interiorizações após leitura do artigo de "Pilares do Ofício " - de Camila Salles Gonçalves, resenha de Marion Minerbo - pg 212 - Percurso 56-57 - Revista de Psicanálise - junho a dezembro de 2016, presente de M.M.M - Instituto Sedes Sapientiae
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