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Valor e Retro-alimentação: contribuição para a vida profissional ou pessoal; compartilhar e disponibilizar informações.































































































































quinta-feira, março 21, 2013

ALUNA INVISÍVEL - e, Non reclama ! Do not complain!

Aconteceu comigo ! 

Eu mereço, fiz da minha carreira profissional, uma defesa para se manter porta aberta para permitir às pessoas que fizessem reclamações de produtos e serviços das empresas. Fui paga para isso durante anos, décadas !

Estive do lado de quem ouve, 9 anos, no PROCON-SP, atendendo e solicitando pesquisas de produtos ( a maior parte do tempo só na área de alimentos - sou engenheira de alimentos).

Estive do lado de quem ouve e pede providências para laboratórios, quase 6 anos, numa multinacional - interação empresas e clientes.

E, por 20 anos, prestei assessoria e dei aulas para termos recursos legais para suportar as reclamações dos consumidores e clientes de bancos, cartões de crédito, alimentos, açúcar, suco de frutas, produtos infantis, brinquedos e incontáveis outros segmentos de negócios do mercado brasileiro, após 1991, 11 de março, quando entrou em vigor a lei do consumidor !

É preciso ter preparo psicológico e emocional para suportar anos a Área de Serviços de Atendimento ao Consumidor de empresas ou em órgão público. 

Fiz, por mais de 13 anos, terapia de divã, onde o assunto principal e maior era o trabalho, fiz cursos de dialética e, depois, recebi orientação empresarial, para suportar desafios na consultoria - funcionários, contabilidade, desafios, clientes, demandas, exigências, reclamações, questões de localidade física etc etc etc, além de permanente assessoria de advogados para analisar contratos e assessoria em contabilidade.

2011 - encerrei a consultoria de 20 anos, período em que mensalmente, eu fui responsável pela minha receita e pelos meus honorários, como consultora !

Vamos ao acontecimento, bem merecido, que vivi recentemente. Avenida Roberto Marinho, perto da Avenida Santo Amaro. Durante uma manhã, a avenida em reforma,  parada, carros perfilados e eu dei seta para direita, precisaria entrar no Brooklin.

Abaixei o meu vidro incolor do "passageiro" e comecei a falar cegamente com vidro blindado e escuro do/a motorista do meu lado direito. Desceu o vidro para conversar comigo.

Eu : " Eu gostaria de entrar na sua frente, vou pegar a pista da direita para o Brooklin".
Ele: " Então, porque não dá seta!?"
Eu: " A seta está ligada, mas você não viu piscar ".

... o trânsito parado ...

Ele: "Porque não ficou na pista da direita antes?".
Eu: "Estou pedindo agora, custa atender, posso entrar?"

e ele com um crachá pendurado no pescoço...

Eu:" É executivo de empresa?! Eu, quando mais jovem, trabalhei com empresas ! Posso entrar ?"

Ele acelerou seu carro para a frente, impedindo-me, e me olhou desafiando:

"NÃO RECLAME, NÃO DEIXO VOCÊ ENTRAR NA MINHA FRENTE SE RECLAMAR..."

Paranóica, quase, desanimada com a vida, mesmo, quase assumida: será contra mim? será que ele já reclamou comigo e não atendi ? será que é pessoal ? ou é meu carro mais velho do que o dele? ou porque eu estou idosa ?

Desanimada e "entendendo finalmente a tal da lei do karma" ação e reação, deixei tanta gente reclamar de empresas, que lá estava eu pagando por ter ajudado a abrir as empresas para as milhões de reclamações dos consumidores no Brasil, como funcionária e consultora...e  SACs ! = Serviços de Atendimento ao Consumidor, tormento de executivos que esperam tudo maravilhoso, mas os SACs dizem que clientes estão insatisfeitos...

O trânsito começou a fluir, olhei pela última vez à direita, o motorista segurou seu carro, agradeci e ele deixou-me passar para a pista da direita na sua frente ! Conheço isso, eles machucam até ao máximo para provar quem tem poder...

OUVIR SOLICITAÇÕES E RECLAMAÇÕES não é um valor ou hábito cultural aceitável ! Não deve ser, podem até dizer o contrário, mas não é ! ODEIAM quando tentamos defender os nossos interesses ou direitos ! ODEIAM ! Fazem o possível para dificultar, adiar, dificultar .

Nesse episódio, simples, caos urbano, carros perfilados e parados, motoristas conversando, e medindo não se sabe a força do que...não havia nada, nada que justificasse a hostilidade  dele. Preconceito? alguma coisa física, em mim, minha idade? meu carro? o que teria estimulado sua reação agressiva, de chefe... não reclama!

ALUNA INVISÍVEL !

E, nesses momentos, SOU ALUNA INVISÍVEL ! Adoro me imaginar INVISÍVEL ! Adoro a hora de descer do ônibus para não ter que ouvir o menino de 4 anos dizer para a mãe "eu te meto a mão na cara"... ou "te bato" e ela diz que não sabe o que fazer, pois nem o pai, ele obedece...4 anos.

Natural que eu queira ficar cada vez mais dentro de casa. BOM DIA !

Maria Lucia Zulzke, em São Paulo, 21 de março de 2013, às 11:07 hs

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