Maio de 1995 - Brasília
Cerimônia de criação do Conselho Gestor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, pelo Ministério da Justiça.
O Conselho foi criado para definir o destino de utilização das verbas arrecadadas com as multas e indenizações judiciais em ações relacionadas a danos ao meio ambiente, consumo entre outros.
Recapitulando: minha carreira começou em 1976, no Procon - SP, e lá estive durante 9 anos muito produtivos. Meus trabalhos realizados são provas de que havia lisura, compromisso e foco.
Desafio de minimizar a imensa distância de poder e acesso ao poder entre universos "siameses", isto é, universos dos que consomem e dos que produzem - um não vive sem o outro, embora o universo dos consumidores seja sempre farto, facilmente substituível e reciclável!
Como consumidores, é bom que se lembre, somos muito mais facilmente substituíveis, desde que haja poder de compra, poder aquisitivo e necessidades a serem atendidas pelo mercado.
Eu havia trabalhado anos em multinacional e tinha experiências associativas, fui sócia-fundadora de entidades e institutos, pagando mensalmente. Por que eu não aceitaria representar o Instituto de Consumo e Concorrência, junto ao Ministério da Justiça, quando foi criado o Conselho, em maio de 1995 ?
Durante anos, transitei, com amizade e lealdade, pelos órgãos de defesa dos consumidores, nas associações de profissionais de atendimento a consumidores e havia contribuído pessoal e profissionalmente para institutos e seus dirigentes por meio de palestras e artigos publicados, além das contribuições mensais ou anuais, como associada pagante.
Além daquela ter sido uma nomeação sem perspectiva de honorários, apenas de representação, prestígio e responsabilidades, com alguns dias de presença em Brasília, ao longo do ano, em menos de 40 dias, eu havia recebido manifestação de críticas explícitas, veladas e de irritação. Administrar isso sózinha, numa pequena empresa de consultoria, é um peso muito grande!
Antes de que eu me ferisse no fio da navalha, e não fosse ganhar nada com aquela designação, além de invejas e críticas, em menos de 2 meses, eu renunciei !
Em maio de 1995 eu, profissionalmente, estava em aceleração de minha consultoria, sucesso, eventos bem sucedidos, clientes, bom faturamento e reunindo-me nos Estados Unidos a fim de vincular-me com empresa de pesquisas.
O cargo simbólico do Conselho Gestor dos Fundos de Direitos Difusos, em Brasília, era disputado e de interesse para dirigentes de diferentes órgãos e entidades - meio ambiente, consumidor e patrimônio histórico.
O Presidente Luis Ignácio Lula da Silva declarou, recentemente, nesses últimos dias, e li pelos jornais: "Tem gente que não sabe fazer política se não tiver O Inimigo. Eu sou daqueles que só sabem fazer política construindo AMIGOS" a respeito do acordo nuclear mediado pelo Brasil com Turquia e Irã. Faço minhas, essas suas palavras!
Até 1995, eu imaginei estar fazendo uma política de vincular-me a Amigos, de diferentes profissões, eu imaginei estar num grupo de disciplinas complementares, de vários setores, os quais, solidários, em suas respectivas áreas, trabalhassem para um bem comum - melhorar as relações de consumo.
Não gosto de ter foco em um inimigo - seja verdadeiro ou imaginário. É um desgaste para meu estilo de viver ! A paranóia perde seus limites. Quem seria meu inimigo natural ?
A minha ambição era participar de algo a ser construído, distribuído e compartilhado!
Como não sou de fazer política de Partidos Políticos, aprendi que Utopia Política não combina com a realidade. Num mundo dividido por discriminações, ainda que negadas, num mundo onde o acesso da mulher ao trabalho remunerado e fora de casa tem poucas décadas de abertura e, em que os métodos de controle e submissão começam pelo cerceamento aos recursos financeiros, é uma difícil batalha cada qual encontrar lugar ao Sol.
Obrigada querido presidente Lula por dar lição de política a uma engenheira idealista!
Maria Lucia Zulzke, em 25 de maio de 2010, às 11: 15 am, em S.Paulo - SP - Brasil.
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