Quando, em 1969, eu estava com 17 para 18 anos, e me preparava para começar a Faculdade de Engenharia de Alimentos, na Unicamp, o mundo político parecia alinhado às minhas conquistas pessoais.
Assumiu, em 1969, a função de primeira ministra de Israel, Golda Meir.
Como foi possível se amar tanto alguém sem nunca tê-la encontrado, sem nunca ter a menor proximidade com sua vida pessoal ou familiar? e, ainda sentir saudades e ficar com esse sentimento de perda depois de décadas?
Para mim, o mundo em 1969, era promissor e brilhante. Eu era jovem e havia conseguido meu passaporte para um curso de engenharia, numa conceituada universidade no Brasil, com pouquíssimas moças e uma maioria quase absoluta de rapazes.
E, no mundo político, havia espaço e respeito para uma senhora de 71 anos, com jeito físico entre mãe idosa e avó. Ela estava em destaque num dos focos geográficos e políticos de maior conflito do mundo, e tinha grande repercussão na política mundial. Senhora severa, de grande respeito, negociando com os guerreiros de plantão.
Golda Meir faleceu em 1978, aos 80 anos de idade. Ela faz parte das pessoas queridas, das pessoas que, no meu espanto matinal de acordar viva todos os dias, durante 59 anos, ela não podia morrer pelo que representava de perspectivas de respeito entre os gêneros feminino e masculino.
Parafraseando Elisa Lucinda, em sua poesia, no CD - O Semelhante : Acumulei montes de "era isso mesmo que eu queria" e outros inúmeros tantos de "não era isso que eu queria".
E, como recita a poetisa, "a gente tem que morrer tantas vezes durante uma vida, que eu já tô ficando craque em ressureição. "
Nesse domingo, 11 de julho, último dia da disputa de Copa do Mundo 2010, entre Espanha e Holanda, acordei com esse interno desconforto, um mundo feito por homens apenas, com os holofotes nos feitos masculinos, apenas : a quantas bazófias irão nos obrigar os fanfarrões para que a gente se sinta entre os "perdedores" ou como telespectadores, ou como latino - americanos ou como mulheres, Evas culpadas, mesmo quando são vítimas e as mais pobres do Planeta ?
Espero que o Vencedor da Copa do Mundo 2010, ao levantar hoje seu troféu, em suas mãos, seja craque em liderança humana, e conheça o poder verdadeiro de um verdadeiro Vencedor.
Para isso, o Vencedor necessariamente teve que ter tido a benção de, em criança ou jovem, ter amado incondicionalmente e de verdade, uma mulher - ou sua mãe, ou avó, ou a professora, ou alguma mulher pública da sua convivência ou alguma namorada doce e inocente.
Nesse domingo, 11 de julho, Dia de Homens, apenas, de um mundo feito por homens, apenas, a música para me apaziguar é : Samba da Benção - "O bom samba é uma forma de oração"; "Ponha um pouco de Amor na sua Vida" - Samba da Benção, do diplomata e poeta Vinícius de Moraes com Toquinho. Poetas eternos !
Escutar com atenção a música toda, a música toda e a letra toda! "Eu vou ter que partir, eu vou ter que dizer Adeus". " Por que o samba nasceu lá na Bahia, ele é negro demais no coração...."
Abenção Senhor, Abenção Senhora, Abenção Poetas e Orixás. Saravá! Saravá!
Dar sentido ao domingo, pedindo ar e espaço para as mulheres com a música - "Samba em Prelúdio" . Saravá! Saravá!
Maria Lucia Zulzke, em 11 de julho de 2010, às 9:25 am, em S.Paulo - SP - Brasil
domingo, julho 11, 2010
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