Dentre os presentes previsíveis que se ganha ao longo da vida, não veio a bicicleta!
Como menina ganhei bonecas, dominó, livros, discos, carrinho de boneca, roupas, blocos de montar, acordeon, violão, mas jamais ganhei bola ou bicicleta. Na década de 50 e 60, mocinhas não faziam muitos esportes.
A mobilidade e liberdade feminina é absurdamente nova! Em 1968, quando tirei carteira de motorista isso estava sendo viabilizado para a minha geração. Pessoas ao redor de 60 anos não chegavam perto de um volante!
Nesses 41 últimos anos, as mulheres posicionaram-se, imenso esforço e determinação. Não acredito mesmo que as conquistas e avanços femininos foram em detrimento do gênero masculino, não acredito mesmo!
Da imobilidade e paralisia, da infantilidade e do destino restrito ao biológico, pude aprender nessas décadas: a ler, a estudar, a dirigir, a investir, a comprar e vender uma casa e um carro, a diferenciar o que é bom e o que não é bom, se gosto ou não de determinado alimento ou bebida, por mim mesma !
Há muitas coisas maravilhosas que a vida proporciona, algumas pessoas acham comum para elas mas eu não irei conhecer, por ser mulher, de determinada classe social e poder aquisitivo... e não quero mais andar
de bicicleta pois não sou voluntária para ferimentos, quedas e machucados desnecessários!
Maria Lucia Zulzke, 05 de julho 2011, às 9:51am, S.Paulo - SP - Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário