" O peixe não sente a água "
A afirmação é exata ! Homens brancos por milênios sentiam legitimidade em lutar por seus privilégios e domínio e controle. Homens brancos eram "donos supremos de todos os reinos e países, famílias, tribos e clãs, finanças, propriedades, empresas e governos ".
Tive a oportunidade de acompanhar entrevista de Jorge Pontual, no programa Milênio da Globo News , ontem, 15 de agosto de 2017, 8 horas, com sociólogo Michael Kimmel, autor do livro "White Angry Man " - impossível resumir.
Disse o sociólogo que os homens não pensam em questões de gênero. Eu vivi isso - engenheiros, com os quais convivi muito pela minha formação, adoram esse bordão - no trabalho, na vida existe competência e não homem ou mulher.
Aparente elogio à igualdade. Escancarada ignorância sobre as irreconciliáveis e incontáveis diferenças entre o ser masculino e o feminino - desde critérios de avaliação, exigências do corpo, processos de gestação e dar a luz, os ciclos biológicos.
De acordo com o autor, os gays pensam e batalham muito nas questões de sexualidade; os afro-descendentes pensam e batalham, são susceptíveis às questões de raça; as mulheres lutam por um lugar ao sol na vida pública, financeira, política e profissional; enfim, "regras do jogo" e "em ser e estar do lado certo da vida", gays, afro-descendentes e mulheres parecem que nasceram um tanto quanto fora do "mar" ou do "rio" ou "da lagoa" .... modo de dizer, isto é, não são "peixes na água" do universo.
É claro que fiquei fascinada pelo tema. Jorge Pontual é ideal para esse tipo de entrevista e não queria que terminasse. Mais um livro que vou ser obrigada a ler. Quem me obriga ? Eu mesma. É um assunto existencial desde que se nasce e se torna "mulher" - Por que ele pode e mulher não pode ? Por que as mulheres não podiam votar até 1932 ? Por que as mulheres no Brasil até 1962 eram equiparadas aos incapazes, crianças e índios ? Por que ser muito estudiosa era um "quase insulto... não vai adiantar nada" e ser muito estudioso era um orgulho na família ? Por que a todo tempo...a resposta era....porque você é mulher !
As minorias não são "minorias" quantitativas - mulheres em número são maioria; habitantes no Brasil brancos de ascendência branca e olhos azuis são minoria ! Brancos no Brasil são minoria.
De acordo com o autor, os homens até poucas décadas atrás pensavam : " se eu respeitar as regras, trabalhar, cuidar de minha família, pagar as contas, pagar impostos, educar meus filhos, vou ser recompensado" ..... e, nessas recentes décadas tudo parece ter mudado e a adaptação a esse turbilhão de subjetividades é um imenso tormento, tornando os homens mais violentos e raivosos.
Na ausência de entendimento de que tudo está mudado, aflora a violência em todos países contra os mais fracos, mais desafortunados, contra as mulheres, contra gays e assim por diante.
Século 21 ficou mais do que confuso ! Cada qual pretende viver com seus próprios códigos de leitura interna e subjetividades ...
Uma amiga me dizia já há 35 anos... Maria Lucia você acerta o assunto mas erra o foco ! Assim eu me sinto agora. Estou certa ao comentar a entrevista mas não sei se esse era o meu foco... não é o meu foco mesmo, entristece-me dizer, pois não sou "peixe" e está complicadinha a vida para quem não é peixe, e talvez, "a maré nem esteja boa nem para os próprios peixes".
Maria Lucia Zulzke, em 16 de agosto de 2017, em S.Paulo - SP - Brasil
A afirmação é exata ! Homens brancos por milênios sentiam legitimidade em lutar por seus privilégios e domínio e controle. Homens brancos eram "donos supremos de todos os reinos e países, famílias, tribos e clãs, finanças, propriedades, empresas e governos ".
Tive a oportunidade de acompanhar entrevista de Jorge Pontual, no programa Milênio da Globo News , ontem, 15 de agosto de 2017, 8 horas, com sociólogo Michael Kimmel, autor do livro "White Angry Man " - impossível resumir.
Disse o sociólogo que os homens não pensam em questões de gênero. Eu vivi isso - engenheiros, com os quais convivi muito pela minha formação, adoram esse bordão - no trabalho, na vida existe competência e não homem ou mulher.
Aparente elogio à igualdade. Escancarada ignorância sobre as irreconciliáveis e incontáveis diferenças entre o ser masculino e o feminino - desde critérios de avaliação, exigências do corpo, processos de gestação e dar a luz, os ciclos biológicos.
De acordo com o autor, os gays pensam e batalham muito nas questões de sexualidade; os afro-descendentes pensam e batalham, são susceptíveis às questões de raça; as mulheres lutam por um lugar ao sol na vida pública, financeira, política e profissional; enfim, "regras do jogo" e "em ser e estar do lado certo da vida", gays, afro-descendentes e mulheres parecem que nasceram um tanto quanto fora do "mar" ou do "rio" ou "da lagoa" .... modo de dizer, isto é, não são "peixes na água" do universo.
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Aos 18 anos - 1923 - um homem de fibra cuidava da família, trabalhava, formado em contabilidade, cumpridor de deveres, cordial, conciliador, bom filho, bom marido, bom irmão e bom pai, correto . |
As minorias não são "minorias" quantitativas - mulheres em número são maioria; habitantes no Brasil brancos de ascendência branca e olhos azuis são minoria ! Brancos no Brasil são minoria.
De acordo com o autor, os homens até poucas décadas atrás pensavam : " se eu respeitar as regras, trabalhar, cuidar de minha família, pagar as contas, pagar impostos, educar meus filhos, vou ser recompensado" ..... e, nessas recentes décadas tudo parece ter mudado e a adaptação a esse turbilhão de subjetividades é um imenso tormento, tornando os homens mais violentos e raivosos.
Na ausência de entendimento de que tudo está mudado, aflora a violência em todos países contra os mais fracos, mais desafortunados, contra as mulheres, contra gays e assim por diante.
Século 21 ficou mais do que confuso ! Cada qual pretende viver com seus próprios códigos de leitura interna e subjetividades ...
Uma amiga me dizia já há 35 anos... Maria Lucia você acerta o assunto mas erra o foco ! Assim eu me sinto agora. Estou certa ao comentar a entrevista mas não sei se esse era o meu foco... não é o meu foco mesmo, entristece-me dizer, pois não sou "peixe" e está complicadinha a vida para quem não é peixe, e talvez, "a maré nem esteja boa nem para os próprios peixes".
Maria Lucia Zulzke, em 16 de agosto de 2017, em S.Paulo - SP - Brasil
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