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Valor e Retro-alimentação: contribuição para a vida profissional ou pessoal; compartilhar e disponibilizar informações.































































































































segunda-feira, dezembro 07, 2009

Carreiras e locais de trabalho

Quando iniciamos uma faculdade e, depois, uma carreira, fazemos uma trajetória por questões de vocação, oportunidades, logística das ofertas, por conjunturas familiares entre outras escolhas pessoais e particulares, referentes ao estado onde moramos, ao país onde nascemos, à cultura onde nos encontramos, às nossas possibilidades financeiras e ofertas da família etc.

É uma responsabilidade imensa quando entramos numa área ainda a ser desenvolvida: os trabalhos precisam ser definidos, as prioridades adequadas, o desempenho aprovado etc. Podemos alavancar uma nova área ou obstruir a credibilidade daquela área.

Para trabalhar na administração pública, nas estatais e nas autarquias de governo, há uma lógica, há uma "expertise", um pragmatismo, um comprometimento político, às vezes até político partidário que não existe na iniciativa privada, por exemplo. Os controles na área pública diferem da iniciativa privada.

Na ótica governamental, por exemplo, a capacidade para tolerar o longo tempo necessário para a tomada de decisões é um sinal de sabedoria, é uma qualidade profissional valorizada, é um sinal de prudência, é um indicador de que os profissionais estão analisando, avaliando.

Muitas vezes, no governo, deve-se deixar para um novo chefe, eleito, assumir o ônus da decisão, o que significa ainda mais sabedoria, principalmente para o antigo que evitou assumir a decisão e estava de saída.

Boas decisões, de cunho social e de grande alcance, são capitalizadas de imediato para o mesmo exercício de governo. Isso quando se refere ao executivo. A dinâmica no legislativo e judiciário é outra.

Na iniciativa privada, correr riscos, ousar, ter pressa, ser competitivo, apresentar projetos de vanguarda, competir, obter bons resultados, buscar o lucro, fazer segredos dos lançamentos, tirar alguém do mercado, trazer novidades para o mercado e se destacar é palavra de ordem e tem um preço/valor imensurável. Chama-se liderança.

A capitalização de um novo produto, de um novo serviço é imediata, feita pela publicidade, com promoções em pontos de venda etc. Existem empresas que se especializam em ficar no segundo lugar, deixam as líderes "quebrarem a cara" e depois, as empresas-espelho faturam nas bordas e ganham o mercado já preparado e maduro. Inúmeros exemplos.

Quando um profissional passa de uma cultura de governo para uma cultura da iniciativa privada, de grande ou mega empresa, inúmeros ajustes precisam ser realizados. O estranhamento acontece. Os rituais são diferentes, a etiqueta é diferente.

Quando um profissional passa de uma cultura da iniciativa privada, com vários setores e apoio interno, onde trabalha como funcionário, seja administrativo, gerencial ou no topo, como presidente, e sai para empreender seu próprio negócio precisa de planejamento, preparo, recursos e redes de apoio e de parceiros. Nem um bem sucedido ex-presidente, nem um expert em vendas, com prêmios dentro da mega empresa, sobrevive no mercado de forma isolada e sem retroalimentação dos sistemas ou equipes produtivas.

Se um profissional sai de um eixo de mercado estruturado, com verbas próprias, produtos consolidados e vai trabalhar numa ONG, a abordagem também muda completamente. Será preciso ter patrocinadores, coletar apoio financeiro, precisa ter estilo para "passar o chapéu", ser querido(a), ser amável, vender credibilidade e a competência vital e imprescindível, em setores privados, nem sempre é tão fundamental quando o trabalho social envolve aspectos "softs" e humanos.

Se o profissional é homem ou mulher, altera o produto final, drasticamente. Na concorrência entre um homem e uma mulher, com idênticas condições de conhecimento e performance, a mulher assume o papel de sombra, de bastidor e o homem vai para o sol. Cultura mundial.

Um profissional corre sérios riscos quando sua carreira ou sua performance é vista de maneira minimalista como fosse um veículo, um carro ou trator ou caminhão em movimento, com bom mecanismo para abrir novas estradas, e os outros profissionais esperam pelos caminhos desbravados. Carreira, profissional, serviços e trabalhos não podem ser equivalentes a máquinas ou veículos, seja de passeio ou seja de carga.

Uma pessoa só e isolada não recebe apoio. Seu sucesso não é celebrado. Seu fracasso ou degredo não é lamentado. É um perdedor. É uma perdedora. Por outro lado, quando se está dentro de uma indústria de poder, quando milhares de profissionais dependem daquela empresa, quantos bilhões de dólares não se recebe diante de uma necessidade de aporte financeiro? A poderosa indústria automobilística, como se salvou nesses anos? Não se pode dizer que a indústria automobilística não é competente, não tem tecnologia, não é competitiva... mas precisou de auxílio.

Empreendedorismo de uma única pessoa é artesanato, é arte. Não se pode confundir trabalho pessoal com trabalho industrial, enfim, precisamos ter bem claro o que fazemos, nossos recursos físicos e equipamentos de produção etc.

Existem termos que eram usados antigamente para definir capacidade de "fazer dinheiro". Dizia-se sabe "se virar", " fazer biscates", "fazer alguma coisa", "mexer aqui e ali", "obter uns trocados para pagar os alfinetes e linhas", "caixeiro viajante", expressões para classificar atividades de pessoas que não pertenciam a estruturas formais e nem tinham suas empresas com CNPJ, talões fiscais e nem se moviam de forma oficial e legal. Viravam-se!

Negócios prosperam quando feitos de forma sistêmica, orgânica, com papéis apropriados e vários profissionais juntos construindo para um bem comum, desenvolvendo suas melhores capacidades e habilidades para um objetivo comum.

Não basta ser atraído (a) para o empreendedorismo, é preciso estar devidamente ciente do que isso significa e preparado para isso além das concorrências.

Caminhar por uma ladeira não é carreira. Passear no parque não é rentável, ir para o bosque levar "esses doces para a vovózinha" é um risco. Os "lobos" estão em todas as esquinas, em todas as paradas, em todas as concorrências.

Trabalho, enfim, não deveria ter espaço para "meninas e meninos", sem proteção oficial, sem apoio associativo.

Não dá certo, nem nas nossas ruas, nem na antiga fábula do Lobo e da Chapeuzinho Vermelho. Não dá certo e, hoje, muito menos dá certo pelo Estatuto do Adolescente e da Criança, e pelas prioridades mundiais contra o trabalho infantil.

Maria Lucia Zulzke, em 07 de dezembro de 2009, às 11:38 am, em S.Paulo - SP - Brasil.

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