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Valor e Retro-alimentação: contribuição para a vida profissional ou pessoal; compartilhar e disponibilizar informações.































































































































domingo, agosto 08, 2010

O trabalho do pai,a gente nunca esquece! Dia dos Pais no Brasil




18 anos de idade
Comigo no colo, aos 47 anos de idade. Eu me sentia seu "xodó"!

Tive imensa sorte de conviver, de perto, com meu pai, durante 11 anos. Ele raramente pedia que eu me afastasse.

Sua loja de tecidos e artigos de cama, mesa e banho estava situada a um quarteirão de nossa casa e, a minha escola, era distante 3 quarteirões, eu passava obrigatoriamente pela casa de tecidos de meu pai. Na verdade, eu vivia por lá, ou depois da escola, ou no final da manhã, do lado dele, indo ao quintal, brincando, ou mexendo nas sobras de pedaços de madeira de sua marcenaria, situada nos fundos do pequeno sobrado.

1 - Com meu pai eu aprendi a preencher nota fiscal, com carbono!

2 - Com meu pai eu aprendi a medir tecido, mas era muito difícil esticar os braços de criança para alcançar um metro, o que ele fazia com uma rapidez absurda. Não havia proibição para uma criança estar num ambiente de trabalho ao lado dos pais e observar ou ajudar numa coisa ou outra.

3 - Com meu pai eu aprendi que era preciso saber as tendências do mercado antes de fazer os pedidos aos representantes comerciais senão a mercadoria encalhava e era dinheiro perdido e precisava "queimar" o estoque depois.

4 - Com meu pai eu aprendi que, dinheiro em caixa, não significava nada quando existiam muitas promissórias a serem pagas num futuro próximo. O que valia era o balanço - quanto a receber, quanto a pagar. Parece óbvio mas tem gente que gasta tudo ontem sem saber se terá amanhã.

5 - Com meu pai eu aprendi o segredo numérico e sequencial da sua senha, por meio da qual nós calculávamos o lucro. Ele marcava quanto havia pago e por quanto deveríamos vender. Ninguém sabia dos empregados e nem minhas irmãs, só minha mãe e eu. Era uma honra imensa!

6 - Com meu pai eu aprendi que, em épocas de fartura, todos são felizes e recebem presentes a mais. "onde falta o pão todos brigam e ninguém tem razão é grande verdade". Nunca nos faltou o pão!

7 - Com meu pai e minha mãe eu aprendi a ficar comedida e econômica quando havia pouco dinheiro e eu ajudava a economizar não pedindo nada!

8 - Com meu pai, eu soube que um adulto sente medo do futuro. Ele temia os meses de pouca venda e pouca entrada de dinheiro.

9 - Com meu pai, a vida era mais feliz e protegida. Tudo mudou com sua morte! Ninguém o substitui, de jeito nenhum, nunca mais!

10 - Eu tive sorte na minha infância. O trabalho do meu pai exigia sua presença numa distância que estava acessível a mim, todos os dias. Eu podia ir só, desde 6 ou 7 anos, atrás dele.

Quando, na vida adulta, conheci pessoas cruéis, egoístas, vaidosas e vingativas, revanchistas e que lamentavam a infância pelos pais que os abandonaram, trairam, não davam atenção pelo cansaço ou por ter outra família etc. eu pude ver os destroços que esses adultos incapacitados para a paternidade fazem com as gerações seguintes e seus agregados.

A primeira condição para ser pai deveria ser: "Amar e aceitar a seu filho e filha, que virá, com todo seu coração, atenção e lealdade!" ou não os tenha!

Maria Lucia Zulzke, em 08de agosto de 2010, às 14:17 hs, domingo, em S.Paulo - SP - Brasil.

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